O curta-metragem é o primeiro formato utilizado na produção de conteúdo audiovisual. E durante muito tempo foi a estrela das salas de cinema. George Melies, Sergei Eisenstein, Steven Spielberg e a absoluta maioria dos grandes diretores começou fazendo curta.
Após mudanças no sistema de distribuição, os longas passaram a ocupar o lugar de destaque nas salas comerciais. A TV passou a ser a janela de exibição de muito conteúdo de duração menor, o que era adequado para preencher brechas na grade de programação. Na sequência, a internet passou a ser o destino certo de muitos curtas, especialmente os autorais, devido ao baixo custo e a facilidade de acesso aos meios de produção. Mas com todas as reviravoltas nas janelas de exibição, o curta continua sendo um formato importante na indústria audiovisual e presente no nosso cotidiano.
Apesar das aparentes dificuldades, se você quer viver de cinema, saiba que vale muito o esforço de fazer curtas.
Duvida? Então observe:
1 Experimentar a linguagem
Um curta é uma excelente oportunidade para experimentar com a linguagem audiovisual.
Digamos que você quer testar uma nova forma de captar imagens noturnas. É muito mais fácil experimentar essa nova técnica e o impacto disso na narrativa de uma história menor, do que inserir esse teste na montagem de um longa-metragem.
Um exemplo desses testes são os curtas do estúdio Pixar. Eles sempre experimentam várias técnicas nos curtas antes de usarem nos longas. Repare no curta que antecede o longa em um ano e observe como esse curta se relaciona com o longa seguinte lançado pele estúdio.
Com o curta você pode testar e ajustar melhor a técnica e se for bem sucedida vai ser bem mais fácil justificar a aplicação em um formato mais longo e mais caro.
2 Facilidade de financiar
Oficialmente um curta-metragem tem até 15 minutos de duração. É obvio que reunir equipe e equipamentos para realizar 15 minutos de conteúdo é mais barato que realizar 70 minutos.
Além disso, um curta conta uma situação e é mais fácil ligar essa situação à realidade onde o conteúdo está sendo produzido. Então viabilizar a produção através de marketing cultural direto é geralmente bem mais fácil que financiar uma produção com orçamento de seis dígitos ou mais.
3 Curta pode ser protótipo para projeto maior
Um protótipo é um modelo em menor escala de algo maior que se deseja executar. Então, se você tem um projeto audacioso de um longa ou uma série, por exemplo, é bastante interessante testar suas ideias narrativas em um curta primeiro.
Um exemplo disso é o filme Cine Holliúdy, do diretor Halder Gomes. Em 2005 Halder realizou o curta chamado Cine Holliúdy – O Astista contra o Caba do Mal, que foi mais locado que o Matrix. Esse curta foi a semente do longa Cine Holliúdy (2013), case de sucesso nas salas comerciais e que levou a viabilização do Cine Holliúdy 2, atualmente em fase de filmagem.
Os investidores tendem a apostar onde o retorno é mais provável. Então, ao apresentar a opção de investir em algo compravadamente bem sucedido é bem mais provável que você consiga o recurso.
4 Curta pode abrir portas em distribuidores e investidores
O circuito de festivais de curtas é enorme, no Brasil e em outros países. E os festivais, assim como os mercados de conteúdo, como o Rio Content Market, estão cheios de representantes de distribuidores e investidores em busca de conteúdos para aquisição e projetos para investimento.
O curta funciona como seu cartão de visita para mostrar a futuros parceiros que você sabe realizar bem e que o recurso deles vai ser bem alocado.
5 Desenvolvimento pessoal
Ninguém começa a treinar corrida enfrentando uma maratona de 40 km. O mesmo raciocínio serve para produção audiovisual. Você aprende a entender o que gosta e o que faz bem como artista fazendo projetos menores em vez de partir para um longa-metragem ou uma série de 23 capítulos.
Além de ser um compromisso financeiro menor fazer um curta, a duração de execução do projeto também é menor. Isso te permite testar se produção audiovisual é mesmo o que você quer pra sua vida. Um curta é facilmente realizado de forma independente. Isso te permite contar as suas próprias histórias.
O curta te permite saber que temáticas te interessam mais. Permite identificar o público para quem você mais gosta de falar. O curta te dá a liberdade que você precisa para se descobrir como cineasta.
6 É o melhor formato para a história
Cada história tem seu tempo. E muitas vezes o melhor tempo para uma história é o tempo de um curta-metragem.
Sabe quando você assiste um longa que se arrasta e que não emociona de forma alguma, além do tédio? Essa história deveria ter sido contada em um formato menor.
Não é a duração do filme que define o seu sucesso. Uma história bem contada no timing correto é o que faz a diferença.
E o limite de duração não limita os temas e emoções a serem abordados, então não há tema que você não possa abordar em um curta.
Esses são 6 excelentes motivos para você finalmente tocar a produção daquele curta que você esqueceu no fundo da gaveta. E para continuar perseverando na produção do curta que você já começou.
Lembra dos grandes diretores que começaram com curtas? Mesmo após obterem sucesso com longas-metragens, os bons diretores não deixaram o curta de lado, seja em obras autorais ou comerciais. Um bom exemplo disso é o curta The Audition (2015), de Martin Scorsese.
E se precisar de ajuda, especialmente com os motivos 2, 3 e 4 é só falar!
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